Parece modismo, mas é! A onda atual é abrir Instituto para tudo. Os jogadores de futebol abrem institutos. O ex-presidente da República FHC montou o seu - e um incêndio quase destruiu tudo. A prefeita Marta está montando o dela. Todo mundo monta. Parece cavalo.
Existe instituto para todos os gostos, para todas as classes. Eu acho (me falaram, creio que é mentira etc) que o Carlos Lessa ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai criar um Instituto para deixar claro que discorda da linha política do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (Que assim que sair do BC vai abrir um Instituto sobre mercado financeiro).
O nosso querido presidente Lula, que segundo Lessa está sendo enganado pela elite nacional e internacional, já tem um Instituto, mas já falam que assim que ele deixar a presidência, vai criar outro para dar visibilidade para as suas políticas públicas.
Os sindicatos montam Instituto, as centrais sindicais montam Instituto. Os empresários para defenderem seus interesses criam os seus maravilhosos INSTITUTOS. Os aposentados criaram o seu e dependem financeiramente de um que nem sempre funciona.
As universidades públicas para ganhar um dinheirinho fundam institutos. Outros e outras para lavar um dinheirinho, bem legalzinho montam perfeitos institutos! Não são todos farinhas do mesmo saco. Há Institutos sérios e honrados que fazem um ótimo trabalho e merecem aplausos e muito apoio.
Para ser hipermoderno, ser participativo, estar antenado com as revoluções hipermodernas globalizadas é preciso ter Instituto. Um hiperinstituto...
Para saber se vai chover ou ter sol procuro um Instituto. O órgão que está enchendo o saco dos desenvolvimentistas brasileiros é um Instituto. Vamos fazer o seguinte, para destravar as licenças ambientais, iremos tirar a palavra Instituto do Ibama.
Temos Instituto para tudo e para todos. Creio que é a coisa mais democrática do mundo. Em breve teremos o Instituto do Instituto.
Portanto, vou montar o meu. Vou deixar um pronto, estruturado, para quando eu morrer eu não tenha que passar carão no caixão. Imagine a carpideira: "coitado! Ele queria tanto ter fundado um Instituto!" Eu, em vida e em carne e osso, assumirei os riscos da criação do meu Instituto. Um a mais não fará diferença...
Publicado em:
http://www.partes.com.br/ed53/colunagilberto.asp
sábado, 27 de dezembro de 2008
Nos tempos de Bundas
Saudades de Bundas. Da Bundas que veio (vieram) e das Bundas que foi (foram). A Bundas era de bom tamanho, ideal para ótimas risadas e gargalhadas, nem muito grande, nem muito pequena, uma Bundas de palmos medidas.
A revista hebdomadária teve vida curta, mas foi suficiente para encher nossos olhos de boas bundas e caras de bundas por todo o país.
Tinha Ziraldo, Jaguar, Millor, Veríssimo, Chico e Paulo Caruso, Miguel Paiva, Angeli, Jô Soares, Aroeira e tantos outros mestres na arte de Bundar com alegria. Bundar com satisfação.
Mas Bundas caiu, digamos saiu das bancas muito rápido, deixando seus leitores inconsoláveis. Se o Pasquim já foi e já voltou, quem sabe um dia a Bundas volta.
Conduta ética num mundo corrompido
“Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre o bem e o mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício”, Marilena Chauí, em “Convite à Filosofia”.
Cada dia mais vemos nossos sonhos e nossos heróis morrendo de overdose. Já no alvorecer do novo milênio, apesar dos discursos de mudança dos que pregam o advento de novos paradigmas e da revisão dos conceitos. Os desafios para a mudança de paradigmas e da construção da sociedade do conhecimento parecem parar diante da não inclusão das pessoas, do fim da cidadania e da afirmação do homem mercadoria, do homem consumidor.
A massa de aflitos, a massa de despossuídos sucumbem diante da permanência do não ético, da corrupção.
A luta por uma sociedade igualitária parece não encontrar eco nas pessoas. O que vemos é o aprofundamento da crise ecológica, da opressão da mulher, o aumento do racismo e de toda forma de preconceito.
Mudanças no comportamento são solidificadas a passo de tartaruga, enquanto assistimos o velho filme da falta de educação, do aumento da pobreza. Tempo de incerteza e caos. Como sobreviver?
Publicado em:
http://www.partes.com.br/ed20/educacao.asp
Cada dia mais vemos nossos sonhos e nossos heróis morrendo de overdose. Já no alvorecer do novo milênio, apesar dos discursos de mudança dos que pregam o advento de novos paradigmas e da revisão dos conceitos. Os desafios para a mudança de paradigmas e da construção da sociedade do conhecimento parecem parar diante da não inclusão das pessoas, do fim da cidadania e da afirmação do homem mercadoria, do homem consumidor.
A massa de aflitos, a massa de despossuídos sucumbem diante da permanência do não ético, da corrupção.
A luta por uma sociedade igualitária parece não encontrar eco nas pessoas. O que vemos é o aprofundamento da crise ecológica, da opressão da mulher, o aumento do racismo e de toda forma de preconceito.
Mudanças no comportamento são solidificadas a passo de tartaruga, enquanto assistimos o velho filme da falta de educação, do aumento da pobreza. Tempo de incerteza e caos. Como sobreviver?
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http://www.partes.com.br/ed20/educacao.asp
Os Cafajestes
Os Cafajestes é um clássico do chamado Cinema Novo e foi lançado em 1962. O filme dirigido por Ruy Guerra foi marcado pelo impacto do seu tema, considerado ambicioso para a época: a devassidão de dois marginais cariocas. Numa época que a censura falava alto, Ruy Guerra teve seu filme mutilado. Glauber Rocha assim definiu o filme do diretor moçambicano radicado no Brasil: "Os Cafajestes possuía certa transcedência: densidade existencial, clima de determinado universo fechado numa mise-en-scène agressivamente pessoal, apesar de todas as influências facilmente identificáveis, principalmente de Resnais e Antonioni...é histórico: a formalização...não resistindo à evolução do cineasta em busca da unificação cultural logicamente estilísítica. Insolente, corajoso, anárquico e talvez moralizante. Um cinema em bossa nova".
Os Cafajestes foi o filme de estréia de Ruy Guerra, que ficou famoso depois filmando, entre outros, Os Fuzis (que foi premiado no Festival de Berlin), Erêndira e A Ópera do Malandro.
O filme procura realizar uma crônica dos costumes da alta burguesia carioca, numa linguagem descontraída, explorando a sordidez do submundo do vício, do cotidiano de Copacabana. Foi um filme repudiado tanto pelo governo, como pela Igreja. Era tratado como uma mercadoria pornográfica.
Foi muito mutilado pelo seu produtor, Jece Valadão, que as executou sem autorização de Ruy Guerra.
Dois cafajeste, um pobre e outro rico. Jece Valadão ( que trabalho em mais de 50 filmes e produziu mais de 10) interpreta Jandir, o vigarista pobre, sujeito a todo tipo de frustração. Daniel Filho( sim, ele o conhecido diretor global), interpreta Vavá, filhinho de papai, que não se conforma em ficar sem dinheiro. Vavá arma uma grande chantagem e a vítima será seu tio, que é o maior depositante do banco de seu pai. A vítima a princípio seria a amante Leda (Norma Bengel), mas alertada por ela de que poderia tirar fotos nua que o tio de Vavá não ligaria, partem para cima de Vilma (Lucy de Carvalho), filha do milionário.
É nas praias de Cabo Frio, no entardecer, que o cenário da patifaria se arma.
Norma Bengell (ao lado), saída do teatro de revista, protagonizou o primeiro nu frontal do cinema brasileiro. A cena de quase quatro minutos em que a atriz fica nua pela areias e brinca com as ondas do mar causou polêmica. Norma fez depois mais de 70 filmes e dirigiu outros tantos. Sua atuação marcou época e presença na luta contra a discriminação da mulher.
Os Cafajestes pode hoje parecer ultrapassado, mas foi um filme que ajudou a mostrar que o cinema brasileiro tinha e tem qualidades. Era bem feito, um produto bem acabado e um cinema verdadeiramente brasileiro.
Ainda hoje vale a pena dar uma corridinha na locadora e conferir porque até hoje é um filme inesquecível.
Hora de refazermos
Por Gilberto Silva
“Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de várias maneiras; a questão é transformá-lo” - Marx
Destroçados pela avassaladora avalanche de informações, contra-informações e completamente recheados com vivas à nova ordem mundial dita bela e uma, nós -pobres mortais, nascidos em um país de natureza colonial e de herança escravista, nos entregamos (melhor seria: entregaram-nos) de corpo e alma às ditas maravilhas do neoliberalismo.
Fomos proibidos de pensar a utopia socialista. O capital patenteou nossas vidas. Não só manda na ordem econômica, como nos domina por inteiro penetrando em nossas almas e fazendo nossa consciência.
Criaram o paradigma da modernidade, onde tudo que é passado é velho, retrógrado e careta. As novas lutas não podem ascender mudanças na estrutura do poder, das relações de produção. As lutas podem existir desde que fiquem restritas a seu segmento (gênero, raça, etc e tal...). Tudo pode, desde que não avance para além do espaço doméstico.
Precisamos de uma oportunidade para refazermo-nos. Recriar nossa vontade de mudança, nosso espírito de transformação que seja síntese do ecológico, feminista, do anti-racista, que desencarne as diferenças, as opressões e as exclusões do “globalitarismo”. A queda do “socialismo real” finalizou uma luta econômica, na qual os Estados Unidos da América aparecem como os vencedores e com ela a falsa declaração do fim das ideologias e com a expansão do modelo neoliberal, que trouxe desemprego e promove uma acumulação e movimentação de capital jamais visto na história da humanidade.
Presos ao luxo e aos restos dos lixos da modernidade do capital, presos ao poder da ideologia dominante (e aí daquela voz contrária!), esmagadora, com seu arsenal político-cultural sempre à disposição para a defesa da sua ordem. O mercado é o espetáculo e a imagem da vitória de uma única via, a única que nos apregoam como verdadeira e democrática. Seremos ainda cidadão? Mas, se não somos, podemos ficar tranqüilos já há a “empresa-cidadã”. Seremos cidadão-empresa?
“Por quanto tempo ainda aqueles que estão acordados vão fazer de conta que estão dormindo?”, questionou apropriadamente Viviane Forrester em O Horror Econômico.
Somos humilhados por sermos utópicos, por acreditar na mudança, ridicularizados ao extremo e posto de lado na sociedade. Devemos renunciar aos nossos princípios e resignadamente aceitar os novos paradigmas que nos impõem? Há espaço neste mundo globalizado para soluções regionais no campo econômico? Os que não são da fé globalizada estão realmente cegos?
Publicado em:
http://www.partes.com.br/ed13/reflexao.asp
“Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de várias maneiras; a questão é transformá-lo” - Marx
Destroçados pela avassaladora avalanche de informações, contra-informações e completamente recheados com vivas à nova ordem mundial dita bela e uma, nós -pobres mortais, nascidos em um país de natureza colonial e de herança escravista, nos entregamos (melhor seria: entregaram-nos) de corpo e alma às ditas maravilhas do neoliberalismo.
Fomos proibidos de pensar a utopia socialista. O capital patenteou nossas vidas. Não só manda na ordem econômica, como nos domina por inteiro penetrando em nossas almas e fazendo nossa consciência.
Criaram o paradigma da modernidade, onde tudo que é passado é velho, retrógrado e careta. As novas lutas não podem ascender mudanças na estrutura do poder, das relações de produção. As lutas podem existir desde que fiquem restritas a seu segmento (gênero, raça, etc e tal...). Tudo pode, desde que não avance para além do espaço doméstico.
Precisamos de uma oportunidade para refazermo-nos. Recriar nossa vontade de mudança, nosso espírito de transformação que seja síntese do ecológico, feminista, do anti-racista, que desencarne as diferenças, as opressões e as exclusões do “globalitarismo”. A queda do “socialismo real” finalizou uma luta econômica, na qual os Estados Unidos da América aparecem como os vencedores e com ela a falsa declaração do fim das ideologias e com a expansão do modelo neoliberal, que trouxe desemprego e promove uma acumulação e movimentação de capital jamais visto na história da humanidade.
Presos ao luxo e aos restos dos lixos da modernidade do capital, presos ao poder da ideologia dominante (e aí daquela voz contrária!), esmagadora, com seu arsenal político-cultural sempre à disposição para a defesa da sua ordem. O mercado é o espetáculo e a imagem da vitória de uma única via, a única que nos apregoam como verdadeira e democrática. Seremos ainda cidadão? Mas, se não somos, podemos ficar tranqüilos já há a “empresa-cidadã”. Seremos cidadão-empresa?
“Por quanto tempo ainda aqueles que estão acordados vão fazer de conta que estão dormindo?”, questionou apropriadamente Viviane Forrester em O Horror Econômico.
Somos humilhados por sermos utópicos, por acreditar na mudança, ridicularizados ao extremo e posto de lado na sociedade. Devemos renunciar aos nossos princípios e resignadamente aceitar os novos paradigmas que nos impõem? Há espaço neste mundo globalizado para soluções regionais no campo econômico? Os que não são da fé globalizada estão realmente cegos?
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Coisas do amor, do sexo, da vida (2)
Amarás o próximo?
Gilberto da Silva
É ainda poderosa a máxima bíblica "amarás ao próximo como a ti mesmo" posto que vivemos numa sociedade em que o egoísmo é muito forte. A competição, a busca pelo Belo (corpo perfeito, plásticas, dietas etc) e o impulso de destruição são condições de sobrevivência.
O egoísmo é uma forma de amor. O amor-próprio é considerado uma virtude para alguns e um vício para outros. Amar aos outros deve ser feito na mesma tonalidade que amar a si mesmo?
O amor a outro é uma forma de amar de redenção. "Assim me falou um dia o diabo:'Também Deus tem seu inferno: é o amor pelo homem'. E mais recentemente eu o ouvi dizer esta palavra:'Deus está morto; de sua compaixão pelo homem Deus morreu'." - Assim Falou Zaratustra, segunda parte. Nietzsche
Nietzche num poema escreve:
"Ama-se somente aos sofredores,
só se dá amor aos que têm fome:
presenteia antes a ti próprio, ó Zaratustra!"
É provável -não sou um estudioso e sim um bem superficial conhecedor da filosofia deste filósofo alemão, que ele queria reforçar a contradição entre o amor dos outros e o amor por si próprio. Esta interpretação deve estar inclusive na obra do Erich Fromm.
Amor visto como amar ao próximo é citando Jostein Gaader, sentir a devoção e a dedicação completa pelo outro. Creio não existir o amor pedaço, o amor que se dá aos poucos. Ou é amor ou não é.
É um fazimento, é um tornar-se amante, mas também devemos tornar-se um amante de nós mesmo. Devemos amar nosso eu para amar o outro, na mesma sintonia, na mesma diapasão.
Gilberto da Silva, jornalista e sociólogo é editor de Partes
publicado em:
http://www.partes.com.br/comportamento07.html
Gilberto da Silva
É ainda poderosa a máxima bíblica "amarás ao próximo como a ti mesmo" posto que vivemos numa sociedade em que o egoísmo é muito forte. A competição, a busca pelo Belo (corpo perfeito, plásticas, dietas etc) e o impulso de destruição são condições de sobrevivência.
O egoísmo é uma forma de amor. O amor-próprio é considerado uma virtude para alguns e um vício para outros. Amar aos outros deve ser feito na mesma tonalidade que amar a si mesmo?
O amor a outro é uma forma de amar de redenção. "Assim me falou um dia o diabo:'Também Deus tem seu inferno: é o amor pelo homem'. E mais recentemente eu o ouvi dizer esta palavra:'Deus está morto; de sua compaixão pelo homem Deus morreu'." - Assim Falou Zaratustra, segunda parte. Nietzsche
Nietzche num poema escreve:
"Ama-se somente aos sofredores,
só se dá amor aos que têm fome:
presenteia antes a ti próprio, ó Zaratustra!"
É provável -não sou um estudioso e sim um bem superficial conhecedor da filosofia deste filósofo alemão, que ele queria reforçar a contradição entre o amor dos outros e o amor por si próprio. Esta interpretação deve estar inclusive na obra do Erich Fromm.
Amor visto como amar ao próximo é citando Jostein Gaader, sentir a devoção e a dedicação completa pelo outro. Creio não existir o amor pedaço, o amor que se dá aos poucos. Ou é amor ou não é.
É um fazimento, é um tornar-se amante, mas também devemos tornar-se um amante de nós mesmo. Devemos amar nosso eu para amar o outro, na mesma sintonia, na mesma diapasão.
Gilberto da Silva, jornalista e sociólogo é editor de Partes
publicado em:
http://www.partes.com.br/comportamento07.html
De que riem os democratas?
Gilberto da Silva
Este texto é uma retomada de uma reflexão feita há dez anos, em muitos aspectos tudo permanece igual. Exceto meus cabelos - que sobraram - brancos.
As barreiras físicas - ideológicas caíram com o ruir das pedras de Berlim. Com os restos dos cascalhos germânicos, iniciou-se a guerra ideológica dada desde o seu princípio como "ganha" pelos adeptos do neo-liberalismo.
Um direto de direita
A "direita" ri e exclama. O marxismo ruiu! Mais que depressa açodados pelos ventos do Leste europeu, determinam o fim da História.
Os intelectuais a serviço dessa ideologia - se bem que com raras exceções eles concordem em se denominar pensador de direita, proclamam os vários fins: "o fim da luta de classes; o fim das tiranias: o capitalismo venceu!"
Está aberta a temporada de caça, marxistas de um lado, neo-liberais de outro (Claro, não esquecer os que não tem lado nenhum...).
Picaretas em mãos: os muros desabam. Pedra sobre pedra. Um peso e um silêncio inquietante e intranqüilo. Não há mais meio termo: seja democrata e pronto! Até ai, tudo bem.
Na realidade tem muita gente que precisa de um direto de direita. Há gosto para tudo...
Vá ser gauche na vida!
Dentro da esquerda um debate logo se inicia, pensa-se em mudanças radicais, mudar os rumos, adaptar-se ao curso social democrata da história. Quantos não esboçaram um sorriso de felicidade ao ver o "Príncipe" tornar-se presidente? Os mais" radicais" esboçam reações: "Isto é uma ofensiva da burguesia, devemos resgatar o marxismo, recuperar a tradição crítica, humanista e revolucionária de Marx." Os debates florescem, adeus… às armas e adeus aos sonhos. Temporada aberta para debates...
Criam-se partidos com a finalidade de unir a esquerda, que dividida trabalhava para reunir as forças de oposição, que dividida não elabora uma tática - ou será estratégia? - para tomar o poder. Tomar o poder? Mas que expressão mais antiquada! - exclamam os adeptos do novo.
Como uma onda no mar
A onda neo-liberal invade as praias brasileiras, encanto radical, perspectivas pós moderna. Instaura a "ansiosidade" do novo (tudo é novo, até o velho reveste-se de novo - percebem como o brasileiro, além do "jeitinho" adora o que é novo), preparam-se imagens-produtos de homens sérios e competentes (?) É impressionante elegemos um elemento que cheirava novo e exalava podridão. Novo e bonito e não feio, sujo, malvado. Afinal, já disse o Joãozinho Trinta: "pobre adora luxo, intelectual é que gosta de pobreza".
Infelizmente parece que o "bom" é ser autoritário. O Brasil é a própria expressão dessa face: nem capitalista, nem democrata, um país com a vontade de ser grande, Primeiro Mundo. Estagna-se um sonho... Perpetua-se o regime da desigualdade e da miséria, quietos, mudos, impassíveis fingimos que somos felizes.
Mas, espera aí, dirão muitos, isto é muito pessimismo: afinal um frango já pode ser repartido em muitas casas, a moeda está estável, caminhamos lentamente para a modernidade, condenamos violentamente a violência - só contra os políticos, por que nós povinho estamos sendo violentados todos os dias - , etc.
Enquanto essa massa amorfa ilude-se com dramalhões mexicanos, ou ficam pasmos ao se identificarem com "O dono do mundo" (como o texto é re-eleitura, de um re-eleitor, digo: Terra Nostra). Os ideólogos de plantão re-pensam os conceitos. Re-examinam tanto, tanto que esquecem de se examinarem a si próprio.
Reinventando
Fala-se em reinventar a política. Para quê. Por quê? Voltam as alternativas culturais: "preciso iniciar um processo pedagógico". Pedagógico para quê e quem? Fala-se em ética. Muito bem ética é fundamental. Mas que ética?
O fazer política, hoje, passa por um questionamento do modo de vida, do corpo, do tempo, das relações pessoais, etc... Enquanto estes questionamentos não são feitos, cresce no cenário internacional o racismo e a beligerância.
Como lidar com categorias tais como revolução, luta de classes... (veja: Minorias e maiorias) Revolucionar o que? Para quem? Perguntas. Perguntas... acrescentem perguntas.
Seria sustentável a contraposição entre "modernos" e "ortodoxos"? Mas se o "socialismo morreu"? escafedeu e se o "neo" e "old" liberalismo só destrói utopias e esperanças, que fazer?
Que motivo tem os totalitários para rirem, tentarem se reerguer? Força física para enfrentar a desigualdade? Há esperanças num mundo marcado pela falta de democracia, da liberdade e da VERDADE?
Mas, "se tudo que‚ sólido desmancha no ar", de que riem de os democratas? Miremos: Fujimori, massacres, violência, fome, drogas, golpes militares, eleições fraudulentas...... e uma lista interminável que cabe a você caro leitor completá-la.
Gilberto da Silva, editor de Partes, é jornalista e sociólogo
Publicado em:
http://www.partes.com.br/reflexao03.htm
Este texto é uma retomada de uma reflexão feita há dez anos, em muitos aspectos tudo permanece igual. Exceto meus cabelos - que sobraram - brancos.
As barreiras físicas - ideológicas caíram com o ruir das pedras de Berlim. Com os restos dos cascalhos germânicos, iniciou-se a guerra ideológica dada desde o seu princípio como "ganha" pelos adeptos do neo-liberalismo.
Um direto de direita
A "direita" ri e exclama. O marxismo ruiu! Mais que depressa açodados pelos ventos do Leste europeu, determinam o fim da História.
Os intelectuais a serviço dessa ideologia - se bem que com raras exceções eles concordem em se denominar pensador de direita, proclamam os vários fins: "o fim da luta de classes; o fim das tiranias: o capitalismo venceu!"
Está aberta a temporada de caça, marxistas de um lado, neo-liberais de outro (Claro, não esquecer os que não tem lado nenhum...).
Picaretas em mãos: os muros desabam. Pedra sobre pedra. Um peso e um silêncio inquietante e intranqüilo. Não há mais meio termo: seja democrata e pronto! Até ai, tudo bem.
Na realidade tem muita gente que precisa de um direto de direita. Há gosto para tudo...
Vá ser gauche na vida!
Dentro da esquerda um debate logo se inicia, pensa-se em mudanças radicais, mudar os rumos, adaptar-se ao curso social democrata da história. Quantos não esboçaram um sorriso de felicidade ao ver o "Príncipe" tornar-se presidente? Os mais" radicais" esboçam reações: "Isto é uma ofensiva da burguesia, devemos resgatar o marxismo, recuperar a tradição crítica, humanista e revolucionária de Marx." Os debates florescem, adeus… às armas e adeus aos sonhos. Temporada aberta para debates...
Criam-se partidos com a finalidade de unir a esquerda, que dividida trabalhava para reunir as forças de oposição, que dividida não elabora uma tática - ou será estratégia? - para tomar o poder. Tomar o poder? Mas que expressão mais antiquada! - exclamam os adeptos do novo.
Como uma onda no mar
A onda neo-liberal invade as praias brasileiras, encanto radical, perspectivas pós moderna. Instaura a "ansiosidade" do novo (tudo é novo, até o velho reveste-se de novo - percebem como o brasileiro, além do "jeitinho" adora o que é novo), preparam-se imagens-produtos de homens sérios e competentes (?) É impressionante elegemos um elemento que cheirava novo e exalava podridão. Novo e bonito e não feio, sujo, malvado. Afinal, já disse o Joãozinho Trinta: "pobre adora luxo, intelectual é que gosta de pobreza".
Infelizmente parece que o "bom" é ser autoritário. O Brasil é a própria expressão dessa face: nem capitalista, nem democrata, um país com a vontade de ser grande, Primeiro Mundo. Estagna-se um sonho... Perpetua-se o regime da desigualdade e da miséria, quietos, mudos, impassíveis fingimos que somos felizes.
Mas, espera aí, dirão muitos, isto é muito pessimismo: afinal um frango já pode ser repartido em muitas casas, a moeda está estável, caminhamos lentamente para a modernidade, condenamos violentamente a violência - só contra os políticos, por que nós povinho estamos sendo violentados todos os dias - , etc.
Enquanto essa massa amorfa ilude-se com dramalhões mexicanos, ou ficam pasmos ao se identificarem com "O dono do mundo" (como o texto é re-eleitura, de um re-eleitor, digo: Terra Nostra). Os ideólogos de plantão re-pensam os conceitos. Re-examinam tanto, tanto que esquecem de se examinarem a si próprio.
Reinventando
Fala-se em reinventar a política. Para quê. Por quê? Voltam as alternativas culturais: "preciso iniciar um processo pedagógico". Pedagógico para quê e quem? Fala-se em ética. Muito bem ética é fundamental. Mas que ética?
O fazer política, hoje, passa por um questionamento do modo de vida, do corpo, do tempo, das relações pessoais, etc... Enquanto estes questionamentos não são feitos, cresce no cenário internacional o racismo e a beligerância.
Como lidar com categorias tais como revolução, luta de classes... (veja: Minorias e maiorias) Revolucionar o que? Para quem? Perguntas. Perguntas... acrescentem perguntas.
Seria sustentável a contraposição entre "modernos" e "ortodoxos"? Mas se o "socialismo morreu"? escafedeu e se o "neo" e "old" liberalismo só destrói utopias e esperanças, que fazer?
Que motivo tem os totalitários para rirem, tentarem se reerguer? Força física para enfrentar a desigualdade? Há esperanças num mundo marcado pela falta de democracia, da liberdade e da VERDADE?
Mas, "se tudo que‚ sólido desmancha no ar", de que riem de os democratas? Miremos: Fujimori, massacres, violência, fome, drogas, golpes militares, eleições fraudulentas...... e uma lista interminável que cabe a você caro leitor completá-la.
Gilberto da Silva, editor de Partes, é jornalista e sociólogo
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