O bom da eleição é que nossas máscaras caem, nossas idiosincrasias ficam mais evidentes e nela nos revelamos. Em alguns o autoritarismo aflora, em outros a subserviência voluntária ou não se evidencia. Nós nos revelamos mais machistas, racista, intolerante, mais preconceituosos, às vezes até mais obtusos e superiores! Desqualificamos o adversário, marginalizamos o outro e desprezamos a ética. Mas existe caso – poucos – que nasce o amor, onde havia ódio, prazer – onde havia desprazer e assim “são franciscanamente” atingimos o centro da felicidade.
O bom das eleições é essa diversidade de opiniões- e ainda bem que temos eleições, não é? O bom das eleições é que alguns são capazes de discernir no embate político o caráter de seus atores: guerrilheiros, pistoleiros, sanguessugas, revolucionários, conservadores, reacionários, enganadores, ambientalistas, desmatadores, matadores, palhaços, idiotas, socialistas, capitalistas e por ai afora....
Como é bom ter eleições! Assim, despertamos nosso lado sadio postando na internet videozinhos chulos, preconceituosos, difamadores e mentirosos. E pior, rimos disso tudo! O famoso assessor de Hitler (seria o marqueteiro de hoje) Joseph Goebbels já dizia “uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”.
O bom das eleições é que seres estudados, diplomados, que em certos momentos se consideram elites da inteligência, falam suas asneiras, cometem seus pecados (mas quem não comete?).
O bom das eleições é que jornalistas tomam partido; veículos escolhem seus candidatos; cabos eleitorais defendem seus pares e – aqui no Brasil ainda – no dia seguinte à eleição estão todos juntos falando do próximo jogo de futebol, da mulher alheia, do homem bonitão, do sapatinho novo ou da nova marca de carro (espera-se pelo menos que seja sustentável) e alguns já pensando no BBB.
O bom das eleições é que nossos nervos ficam à flor da pele e assim ajudamos nossos cardiologistas....
O bom de todo processo eleitoral é que nossa postura moral é posta a prática. Alguns transgridem, outros agridem. Vamos sempre no link da detonação e do escárnio e de “mala” em “mala” de “post” em “post” mudando nossas opiniões conforme a divulgação das pesquisas eleitorais.
O bom senso e a prudência perdem o sentido num debate acalorado. Numa “tuitada” e em 140 caracteres lá se foi o discernimento... E assim acabamos por nos envolver em pequenas complicações.
O bom das eleições num espaço democrático é que alguns continuam retos em seus propósitos políticos e outros mudam conforme o andar da carruagem ou dos cargos que lhe são oferecidos.
O bom das eleições é que muitas pessoas perdem a oportunidade de ficar quieto, assim como eu.
Gilberto da Silva