segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

James, ou como você deve achar o que é


Por Gilberto da Silva
James estava deitado durante muitas noites e dias naquele lugar fedido. Sofrido. James estava quase morto, não mais tinha força para enfrentar a janela. Encarar o Sol, a Lua, o vento. Vivia um sonho ou vários sonhos regados a qualquer tipo de droga que possuía.
James do amor vendido, do emprego perdido, da esperança viajada. James do medo vivido, do escuro maldito, do avião não decolado, das veias furadas, da pressão alta, do lirismo vadio. James do carnaval passado, do rock desvirtuado, do som alto na sala de estar.
Que mais poderia fazer?  Nem dormir podia. Abrir os jornais jogados pela janela? Ler e sofrer mais: violência gratuita, desesperança, ódio, homofobia, heterofobia, xenofobia, museofobia, fronsofobia, versurfobia, rusmusofobia, nimitempofobia, arcafobia, ilenomofobia, paremusofobia, forlatrifobia, abcelofobia, amipartofobia, bulifobia, ilerogofobia, entefamafobia, todas as fobias do mundo imundo. Misturar vinho tinto com sangue.
Grafou um nome esquisito na parede e leu meia duzia de parágrafos de um livro velho. Tabletou jogos e quiz. Um cerveja gelada e engordurada caiu cem sua goela como gelo em campo seco e quente.
James saturado. Arredio. Gozando na sua fraqueza. Cadê seu amor para sofregar em duo? Celular, telefone, e-mail, redes sociais sem acesso, números não encontrados, mensagens deletadas. Ainda restava uma força para pedir: vem sentir ainda o que resta de pulso para pulsar, do coração para bater, de noites para tentar dormir.
Cadê?
Então, ligou sua vitrola retrô e colocou Lou Reed a cantar:

How do You Think It Feels

How do you think it feels
When you’re speeding and lonely
Come here baby
How do you think it feels
When all you can say is: If only
If only I had a little
If only I had some change
If only, if only, only
How do you think it feels
And when do you think it stops?
How do you think it feels
When you’ve been up for five days
Come down here mama
Hunting around always – ooh
‘Cause you’re afraid of sleeping
How do you think it feels
To feel like a wolf and foxy
How do you think it feels
To always make love by proxy?
How do you think it feels
And when do you think it stops?
When do you think it stops?

Homens na Roda da Fortuna


Pense no filho do homem X que se safou da prisão por ter atropelado um bicicletista. Pense naqueles que conseguiram tudo e perdeu. E pense naqueles que nunca conseguirão. Ilusões?? Olhe para aquele menino que acabou de te assaltar. Olhe para aquele outro indo para a escola. O que você tem feito para tudo isso acabar?Tens ficado muito tempo a postar suas críticas e não se autocriticar. Você consegue enxergar os seus erros?Quantos homens X erguerão fortunas sem se importar com os Ys? A Roda da Fortuna é cruel. O mundo da roda da fortuna é amoral.  A Justiça nesse reino não se faz. Tortuoso é o caminho da eternidade. Você tentará???
Pense no político que criticou o Monstro e nele habitou. Pense na Vénus que deixou seu rosto diabólico ao tentar ser a Imperatriz. Você já pagou seu dízimo hoje? Honrou suas cotas? Tentou agradar o rei?
Pense no Destino e suas deusas: a fiadeira, a medidora e a cortadora. Cada uma fazendo o seu serviço em tempo. Na Roda não há circulo vazio. Então os homens podem nela circular. Pense em evoluir e regenerar.
A roda é a própria tortura. A roda é a mudança, mas saiba o destino não vem ao nosso encontro, nós é que vamos ao encontro dele.


Men Of Good Fortune

Lou Reed

Men Of Good Fortune

Men of good fortune, often cause empires to fall
While men of poor beginnings, often can’t do anything at all
The rich son waits for his father to die
The poor just drink and cry
And me I just don’t care at all
Men of good fortune, very often can’t do a thing
While men of poor beginnings, often can do anything
At heart they try to act like a man
Handle things the best way they can
They have no rich daddy to fall back on
Men of good fortune, often cause empires to fall
While men of poor beginnings, often can’t do anything at all
It takes money to make money they say
Look at the Fords, but didn’t they start that way
Anyway, it makes no difference to me
Men of good fortune, often wish that they could die
While men of poor beginnings want what they have
And to get it they’ll die
All those great things that live has to give
They wanna have money and live
But me, I just don’t care at all
Men of good fortune
Men of poor beginning

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A última visita a um futuro ex-amigo

A última visita a um futuro ex-amigo
Chato, assim pensei. Não imaginava que seria assim, ou tinha dúvidas? Fazia um bom tempo que estávamos sem falar e ou trocar telefonemas. Sujeito recatado e desconfiado com as novas mídias, impossível encontrá-lo postando pensamentos ou bricolando frases nas redes sociais. O cara, lá pelos idos passados, tinha sido minha referência em assuntos pautados por política, filosofia e causos da vida cotidiana. Referência que eu tentei até – em vão – copiar, mas minha competência para este tipo de colagem não era das melhores e dei com os burros na água…




sábado, 20 de julho de 2013

Rodando na Roda da Fortuna com 1 de Ouros e sem nada no bolso

Rodando na Roda da Fortuna com 1 de Ouros e sem nada no bolso
O tempo passou e meu amigo ficou no muro vendo a passeata passar. Da janelinha, com bandeirinha na mão, percebeu que as mudanças ocorrem e a verdadeira liberdade é a maneira como lidamos com os acontecimentos do destino. E o destino, se não é traiçoeiro, não é fiel. Não fique pensando em como traçar o destino, ele já  está desenhado e pronto para ilustrar historias em quadrinhos. O destino é um pouco heracliano: o rio é o mesmo, mas as águas…

domingo, 30 de junho de 2013

A escravidão além da cor

A escravidão além da cor
Resenha do livro As cores da escravidão, de Ieda de Oliveira
Por Gilberto da Silva

A escravidão além da cor

A escravidão além da cor
Resenha do livro As cores da escravidão, de Ieda de Oliveira
Por Gilberto da Silva