sábado, 14 de dezembro de 2019
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
A Flor da Obsessão
Por Gilberto da Silva
Quem a vê chegando ao trabalho – toda tímida – olhar cabisbaixo e sorriso escasso não pode imaginar o que a garota carrega em sua mente.
Quem há vê pelos corredores a andar séria, elegante, só pode pensar numa mulher pudica, quase santa, não sagrada. Mas profana, mundana, que contarei aqui, com sua permissão, um pouco da sua história.
Minhas amigas oriundas do feminismo que me perdoem. Minhas colegas corolas oriundas de um purismo estéril relevem… O objetivo aqui é não deixar para trás uma pequena história.
Ela tinha uma estranha obsessão: olhar para as partes baixas dos homens nos coletivos. Sentada, a moça focava na faixa preferencial do olhar: fixo, medidor, seletivo – “pequeno… médio… grande”!!!
Assim, não pense numa Dama do Lotação, produto característico do saudoso Nelson Rodrigues. Uma dubiedade? Mas nem puta, nem santa; nossa moça é apenas mulher com seus desejos e seus pecados.
Meus colegas machos desculpem, mas o que eu vou relatar nessas curtas linhas é fruto da observação antropológica que realizei com uma colega. Mas uma antropologia de gabinete, nada de pesquisa de campo, ou coisa parecida. Nada de sacanagem espúrias, condenáveis do tipo que presenciamos diariamente no nosso transporte coletivo.
Tímida, raras vezes arriscava um olhar acima da linha do equador. Rápida no pensamento imediatamente ia definindo sua presa: “bom nos baixos, bonito nos altos” e assim realizava a sua classificação seletiva. Ela adorava sentar no banco próximo à lateral. Aqui a aproximação era quase inevitável.
Seus horizontes e suas visões. Em determinados momentos sentia um misto de prazer e ódio. Queria mais, sentia-se atraída pelo inusitado. Nada se sustentava ou contentava a sua curiosidade pela observação do sexo oposto. Carnal, sonhava.
Imaginativa, criava cenas e cenários de alcova. Sentindo-se pecadora, rezava. Clamava perdão por pensamentos tão fora de seus padrões religiosos.
A Flor permanece em sua mobilidade, sei que ainda perambula por vias e coletivos em busca de seu monte sagrado….
Quem a vê chegando ao trabalho – toda tímida – olhar cabisbaixo e sorriso escasso não pode imaginar o que a garota carrega em sua mente.
Quem há vê pelos corredores a andar séria, elegante, só pode pensar numa mulher pudica, quase santa, não sagrada. Mas profana, mundana, que contarei aqui, com sua permissão, um pouco da sua história.
Minhas amigas oriundas do feminismo que me perdoem. Minhas colegas corolas oriundas de um purismo estéril relevem… O objetivo aqui é não deixar para trás uma pequena história.
Ela tinha uma estranha obsessão: olhar para as partes baixas dos homens nos coletivos. Sentada, a moça focava na faixa preferencial do olhar: fixo, medidor, seletivo – “pequeno… médio… grande”!!!
Assim, não pense numa Dama do Lotação, produto característico do saudoso Nelson Rodrigues. Uma dubiedade? Mas nem puta, nem santa; nossa moça é apenas mulher com seus desejos e seus pecados.
Meus colegas machos desculpem, mas o que eu vou relatar nessas curtas linhas é fruto da observação antropológica que realizei com uma colega. Mas uma antropologia de gabinete, nada de pesquisa de campo, ou coisa parecida. Nada de sacanagem espúrias, condenáveis do tipo que presenciamos diariamente no nosso transporte coletivo.
Tímida, raras vezes arriscava um olhar acima da linha do equador. Rápida no pensamento imediatamente ia definindo sua presa: “bom nos baixos, bonito nos altos” e assim realizava a sua classificação seletiva. Ela adorava sentar no banco próximo à lateral. Aqui a aproximação era quase inevitável.
Seus horizontes e suas visões. Em determinados momentos sentia um misto de prazer e ódio. Queria mais, sentia-se atraída pelo inusitado. Nada se sustentava ou contentava a sua curiosidade pela observação do sexo oposto. Carnal, sonhava.
Imaginativa, criava cenas e cenários de alcova. Sentindo-se pecadora, rezava. Clamava perdão por pensamentos tão fora de seus padrões religiosos.
A Flor permanece em sua mobilidade, sei que ainda perambula por vias e coletivos em busca de seu monte sagrado….
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
James, ou como você deve achar o que é
Por Gilberto da Silva
James estava deitado durante muitas noites e dias naquele lugar fedido. Sofrido. James estava quase morto, não mais tinha força para enfrentar a janela. Encarar o Sol, a Lua, o vento. Vivia um sonho ou vários sonhos regados a qualquer tipo de droga que possuía.
James do amor vendido, do emprego perdido, da esperança viajada. James do medo vivido, do escuro maldito, do avião não decolado, das veias furadas, da pressão alta, do lirismo vadio. James do carnaval passado, do rock desvirtuado, do som alto na sala de estar.
Que mais poderia fazer? Nem dormir podia. Abrir os jornais jogados pela janela? Ler e sofrer mais: violência gratuita, desesperança, ódio, homofobia, heterofobia, xenofobia, museofobia, fronsofobia, versurfobia, rusmusofobia, nimitempofobia, arcafobia, ilenomofobia, paremusofobia, forlatrifobia, abcelofobia, amipartofobia, bulifobia, ilerogofobia, entefamafobia, todas as fobias do mundo imundo. Misturar vinho tinto com sangue.
Grafou um nome esquisito na parede e leu meia duzia de parágrafos de um livro velho. Tabletou jogos e quiz. Um cerveja gelada e engordurada caiu cem sua goela como gelo em campo seco e quente.
James saturado. Arredio. Gozando na sua fraqueza. Cadê seu amor para sofregar em duo? Celular, telefone, e-mail, redes sociais sem acesso, números não encontrados, mensagens deletadas. Ainda restava uma força para pedir: vem sentir ainda o que resta de pulso para pulsar, do coração para bater, de noites para tentar dormir.
Cadê?
Então, ligou sua vitrola retrô e colocou Lou Reed a cantar:
How do You Think It Feels
How do you think it feels
When you’re speeding and lonely
Come here baby
How do you think it feels
When all you can say is: If only
If only I had a little
If only I had some change
If only, if only, only
How do you think it feels
And when do you think it stops?
How do you think it feels
When you’ve been up for five days
Come down here mama
Hunting around always – ooh
‘Cause you’re afraid of sleeping
How do you think it feels
To feel like a wolf and foxy
How do you think it feels
To always make love by proxy?
How do you think it feels
And when do you think it stops?
When do you think it stops?
When you’re speeding and lonely
Come here baby
How do you think it feels
When all you can say is: If only
If only I had some change
If only, if only, only
How do you think it feels
And when do you think it stops?
When you’ve been up for five days
Come down here mama
Hunting around always – ooh
‘Cause you’re afraid of sleeping
To feel like a wolf and foxy
How do you think it feels
To always make love by proxy?
How do you think it feels
And when do you think it stops?
When do you think it stops?
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Homens na Roda da Fortuna
Pense no filho do homem X que se safou da prisão por ter atropelado um bicicletista. Pense naqueles que conseguiram tudo e perdeu. E pense naqueles que nunca conseguirão. Ilusões?? Olhe para aquele menino que acabou de te assaltar. Olhe para aquele outro indo para a escola. O que você tem feito para tudo isso acabar?Tens ficado muito tempo a postar suas críticas e não se autocriticar. Você consegue enxergar os seus erros?Quantos homens X erguerão fortunas sem se importar com os Ys? A Roda da Fortuna é cruel. O mundo da roda da fortuna é amoral. A Justiça nesse reino não se faz. Tortuoso é o caminho da eternidade. Você tentará???
Pense no político que criticou o Monstro e nele habitou. Pense na Vénus que deixou seu rosto diabólico ao tentar ser a Imperatriz. Você já pagou seu dízimo hoje? Honrou suas cotas? Tentou agradar o rei?
Pense no Destino e suas deusas: a fiadeira, a medidora e a cortadora. Cada uma fazendo o seu serviço em tempo. Na Roda não há circulo vazio. Então os homens podem nela circular. Pense em evoluir e regenerar.
A roda é a própria tortura. A roda é a mudança, mas saiba o destino não vem ao nosso encontro, nós é que vamos ao encontro dele.
Men Of Good Fortune
Lou Reed
Men Of Good Fortune
Men of good fortune, often cause empires to fall
While men of poor beginnings, often can’t do anything at all
The rich son waits for his father to die
The poor just drink and cry
And me I just don’t care at all
While men of poor beginnings, often can’t do anything at all
The rich son waits for his father to die
The poor just drink and cry
And me I just don’t care at all
Men of good fortune, very often can’t do a thing
While men of poor beginnings, often can do anything
At heart they try to act like a man
Handle things the best way they can
They have no rich daddy to fall back on
While men of poor beginnings, often can do anything
At heart they try to act like a man
Handle things the best way they can
They have no rich daddy to fall back on
Men of good fortune, often cause empires to fall
While men of poor beginnings, often can’t do anything at all
It takes money to make money they say
Look at the Fords, but didn’t they start that way
Anyway, it makes no difference to me
While men of poor beginnings, often can’t do anything at all
It takes money to make money they say
Look at the Fords, but didn’t they start that way
Anyway, it makes no difference to me
Men of good fortune, often wish that they could die
While men of poor beginnings want what they have
And to get it they’ll die
All those great things that live has to give
They wanna have money and live
But me, I just don’t care at all
While men of poor beginnings want what they have
And to get it they’ll die
All those great things that live has to give
They wanna have money and live
But me, I just don’t care at all
Men of good fortune
Men of poor beginning
Men of poor beginning
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Cultura em chamas: quando não apenas os livros são queimados
A obra Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, livro é o ponto de partida para refletir sobre questões comoutopia/distopia, democracia/totalitarismo, sociedade vigiada/liberdade. Como viver numa sociedadetotalitária onde a cultura se resume no mais puro lazer e o Estado nega aos seres humanos o direito básico de trocar informações e aprender? Como manter o pensamento crítico numa cidade onde prevalece a condução rápida de automóveis, a ameaça da guerra, a alienação e o predomínio da tecnologia? Na contemporaneidade, é possível evitar o colapso da memória perante a ausência de livros, partidos, privacidade, diversidade e contemplação da natureza?
Confira o texto na íntegra em:
http://www.partes.com.br/GilbertodaSilva_seminario2013.pdf
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
A última visita a um futuro ex-amigo
A última visita a um futuro ex-amigo
Chato, assim pensei. Não imaginava que seria assim, ou tinha dúvidas? Fazia um bom tempo que estávamos sem falar e ou trocar telefonemas. Sujeito recatado e desconfiado com as novas mídias, impossível encontrá-lo postando pensamentos ou bricolando frases nas redes sociais. O cara, lá pelos idos passados, tinha sido minha referência em assuntos pautados por política, filosofia e causos da vida cotidiana. Referência que eu tentei até – em vão – copiar, mas minha competência para este tipo de colagem não era das melhores e dei com os burros na água…
Chato, assim pensei. Não imaginava que seria assim, ou tinha dúvidas? Fazia um bom tempo que estávamos sem falar e ou trocar telefonemas. Sujeito recatado e desconfiado com as novas mídias, impossível encontrá-lo postando pensamentos ou bricolando frases nas redes sociais. O cara, lá pelos idos passados, tinha sido minha referência em assuntos pautados por política, filosofia e causos da vida cotidiana. Referência que eu tentei até – em vão – copiar, mas minha competência para este tipo de colagem não era das melhores e dei com os burros na água…
sábado, 20 de julho de 2013
Rodando na Roda da Fortuna com 1 de Ouros e sem nada no bolso
Rodando na Roda da Fortuna com 1 de Ouros e sem nada no bolso
O tempo passou e meu amigo ficou no muro vendo a passeata passar. Da janelinha, com bandeirinha na mão, percebeu que as mudanças ocorrem e a verdadeira liberdade é a maneira como lidamos com os acontecimentos do destino. E o destino, se não é traiçoeiro, não é fiel. Não fique pensando em como traçar o destino, ele já está desenhado e pronto para ilustrar historias em quadrinhos. O destino é um pouco heracliano: o rio é o mesmo, mas as águas…
O tempo passou e meu amigo ficou no muro vendo a passeata passar. Da janelinha, com bandeirinha na mão, percebeu que as mudanças ocorrem e a verdadeira liberdade é a maneira como lidamos com os acontecimentos do destino. E o destino, se não é traiçoeiro, não é fiel. Não fique pensando em como traçar o destino, ele já está desenhado e pronto para ilustrar historias em quadrinhos. O destino é um pouco heracliano: o rio é o mesmo, mas as águas…
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