segunda-feira, 19 de março de 2012

Confundezas com a Lingua




As dificuldades da convivência entre diferentes culturas e línguas são muito mais do que um simples trocar de artigos ou erros na conjugação verbal. O português não é uma língua fácil e desta complexidade não só o nativo escorrega e tropeça. O estrangeiro sofre e experimenta os percalços da língua romântica.

As palavras faladas fora do seu contexto ao provocar o estranhamento nos dão a certeza de que não podem ser usadas “fora do lugar”. Assim como as idéias, as falas têm seu “locus” certo, exato, onde um erro pode ser fatal.
Jaqueline Novaes, ao recolher fragmentos da sua relação amorosa extrai do seu cotidiano bem mais que um “livro como prova de amor”, mas cenas bem humoradas e pitorescas destas trocas de linguagens. Os “danos colaterais” deste choque de culturas provocam risos, mas o que pode, a princípio supor que seja um livro de “piada de alemão” é mais que uma síntese das sutilizesas cotidianas de um relacionamento marcado pelo inusitado e original.
O ilustrador Dias captou e traduziu as “falas fora do lugar” com um traço bonito e inteligente e Jaqueline deixa como produto desta convivência um dicionário engraçado, divertido e de agradável leitura.

PS: O texto acima - escrito por mim - é a "orelha" do livro da Jaqueline Novaes

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Estamos muito sérios

Brincava com todos. Todas as brincadeiras modernas daquela época. Na rua. Sei lá quantos apelidos tive e quantos apelidei: era normal. Não era crime. Sei lá o que aprontei... Mais cedo ou mais tarde esquecíamos e partíamos para outra. Tive vários apelidos, nenhum colou. Ainda bem, né??? Lula, Pelé, Garrincha etc só os conheceríamos pelo nome de nascimento....


Preconceito racial e social? Claro, muitos sofrem em silêncio e tocam o barco adiante. Com força, luta, fé e determinação vencem. Trilham seu caminho, mostram seus valores e não a usam como arma.


As vezes fico preocupado com o excesso de preciosismos pós-modernos. Por exemplo, depois de algumas décadas uma barriguinha surge intrépida e formosa em meu corpo. Devo reagir a lei da ditadura da beleza atual? Eliminá-la? Sim, se for para o bem da saúde corporal.


Estou achando que a vida está um pouco sem graça, sem leveza. Sempre lutei por mais seriedade, mas exageraram....


Fico aqui com minha burrice estampada no rosto, com cheiro de cerveja barata tentando viver entre os intelectuais dos espetáculos de realidade. Tanta burrice para nada!


É o mundo está muito sério, hoje mesmo mandaram prender numa casa um morador de rua. Quando eu queria que os militares realizassem greve, não realizavam. Hoje, que julgo não mais necessário, realizam. É muita seriedade. Estou sem aumento real há mais de dez anos e ainda tenho tempo para sorrir. Romário pode ser eleitocomo o melhor deputado desta legislatura! Fala Sério!!!!


Estamos sem limites. A não ser o de velocidade, que não serve para nada....

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

De Wando a Márcia Maria, saudades.


Enquanto o brasileiro consumia as notícias da morte do cantor Wando - então chamado de cantor brega, o "rei das calcinhas" e seus fãs depositavam as últimas lembranças deste artista que embalou corações, pouco foi noticiado sobre a morte a atriz Márcia Maria. Enquanto Wando morreu depois de estar internado vitimizado por um ataque cardíaco. O cantor morreu, aos 66 anos,  no dia 8 de fevereiro de insuficiência cardiorrespiratória, deixando esposa, filhos e netos.
Márcia Maria morreu na tarde da mesma quarta-feira, 8 de fevereiro,  aos 67 anos. a atriz teve uma forte hemorragia após sofrer uma queda, causada por um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Sozinha em seu apartamento, Márcia foi socorrida por uma vizinha e levada com vida para o Hospital da Vila Alpina, mas não resistiu.
A atriz Márcia Maria foi consagrada por seus trabalhos na televisão, como a personagem Guida de “As Pupilas do Senhor Reitor”.  Em 1971, Márcia viveu Veridiana, a principal personagem feminina de Os Deuses estão Mortos, de Lauro César Muniz, considerado uma dos melhores textos de telenovela.
Foi a precursora dos programas femininos, após o fechamento da TV Tupi, Márcia foi aapresentar o Programa A mulher dá o recado, na antiga TV Record. Linda, Márica permanecia quatro horas no ar e ganhou o prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Voltou a fazer novelas no SBT, Bandeirantes e Record. Além disso, atuou no teatro em peças como Morte e Vida Severina e Como o Vento, de Ronaldo Ciambroni.
Wando morreu ainda no auge de sua carreira. Enquanto estava no dando aulas de artes dramáticas em comunidades carentes de São Paulo em parceria com a Prefeitura. A atriz se preparava para voltar aos palcos em 2012.
Cada qual com suas especialidades e encantos deixarão saudades.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A velhinha da Glória

Quem vê a velhinha graciosa e saltitante passear pelas ruas de Copacabana, faceira, leve e feliz nunca imagina seu passado. Ela é como um presente perpétuo. Na Glória de antigamente, a velhinha era imbatível com seu charme circulando pelas ruas do Russel, do Catete, pela ladeira da Glória e na Praça Nossa Senhora da Glória.
Não tinha páreo para ninguém tanta beleza deixava o mocinho de queixo caído.  Aquele corpinho graúdo, carioca, bronzeada pelo sol a perambular pelas ruas invoca pensamentos duvidosos nas mentes dos rapazes apaixonados. Ela não era fraca não! Teve muitos homens aos seus pés. Do bonitão tipo saradão da praia do Leblon ao feio e charmoso de qualquer canto da cidade todos se rendiam aos seus encantos.
Quando jovem e faceira arrumava um tempo para ir à praia, vestia-se num biquíni preto para quebrar as ondas e os olhos da masculinidade praiana e quiçá de meninas apaixonadas... já estávamos em tempos modernos e por intermédio de algumas fontes soube do amor de meninas por ela. Mas, sem preconceito, escolhera o gênero masculino.
Hoje quando eu a vejo na Avenida Atlântica caminhando para manter a forma esboço um sorriso de felicidade. Há se todas as mulheres fossem iguais a ela! Eu penso na ampliação da felicidade masculina.
Quando caia na noite varava a madrugada e adorava terminá-la namorando a lua e o sol chegando quase ao mesmo tempo.
Certa vez resolveu soltar a voz na areia da Barra. Pessoas estupefatas com o vozeirão que saia daquele mignon meigo e delicado. A galera parou para ouvi-la, os urubus assustados correram. A voz fluía em pedidos de bis.
E quando, delicada, resolveu dançar em praça pública! Rebuliço. Alvoroço. O namorado não entendia nada, atônico e perplexo. Foi o fim. Foi o fim mesmo. E ela detestava miolo mole e quadril pesado. Tinha que dançar, beber e amar muito.
Faceira caminha atualmente pelas ruas da cidade a contar histórias para seus netinhos e ensinando a viver plenamente com alegria e trabalho. Sim, pois mesmo com tanta beleza ela não quis vida fácil. Foi à luta, montou seu negócio, vendia imóveis, vendia seguros e automóveis. Sempre com um largo sorriso no rosto a ensinar para os mais novos o encanto da vida.
Quem gosta desta cena é um antigo namorado dos tempos da Glória que a vê pacientemente sentada num banco da praça e logo em seguida andando de mãos dadas com as crianças cantando mansamente uma canção bonita.
A velhinha esperta namorou muito. Casou, separou, casou, separou, casou, separou, parou. Sim, teve uma hora que cansou e “só namorou” e “só namora” até hoje. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pontes do passado


Por aqueles caminhos não mais passaremos
Ficaremos de volta ao passado admirando a paisagem
Onde dia e noite
horas a fio
sentíamos a brisa das manhãs.


As árvores foram cortadas.
O lago poluído.
A ponte quebrada.
As palavras secaram.

O trilho cimentado
impermeabiliza nosso sentimento.

Aquele raio de luz ainda deve vagar por algum lugar.


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Simetria

Foto: Gilberto da Silva/p@rtes
Já tentei ver simetria onde nada havia
Procurei a noite onde o dia existia.

Não, não temos espaços tão vazios
apenas não ocupamos nossos dias
como devíamos.

Se volto para a claridão do Sol
uma cadeira
um guarda
um sol
um dia
não havia

Contarei todas as linhas,
delimitarei as retas
ou molharei meus pés na água fria.

Miguel, o cavaleiro da honestidade

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Revista Virtual Partes - Livros - Movendo a aridez da Física

Em seu primeiro livro, Margarete Hülsendeger, gaúcha natural de Porto Alegre, professora de Física em escolas particulares une o conhecimento racional e experiência em salas de aula para além da dureza das "exatas" introduzir quase que meigamente pedras como Einstein, Paracelso, Kelpler, Galileu, Giordano Bruno e Heisenberger entre outros.

Revista Virtual Partes - Livros - Movendo a aridez da Física

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Quem vai ficar?

Todo jogador de futebol quando completar 18 anos deve ir jogar na Europa. Toda cantora decadente quando completar a "melhor idade" deve ir trabalhar nos EUA. As crianças em idade escolar quando entrar no ensino fundamental deve ir para um segundo país completar seu aprendizado de línguas. O jornalista para ficar mais experiente deve trabalhar numa sucursal da BBC, ou como correspondente num país desenvolvido. Todo cientista deve trabalhar no exterior para desenvolver seus talentos com maior eficácia.


O policial também deve ser encaminhado para uma instituição tipo SUAT ou algum genérico europeu para aprender táticas de segurança. Os aposentados deveriam ter cadeira permanente nos organismos de turismo internacional. Toda modelo deve ir trabalhar nas agências internacionais. Todo cineasta deve produzir um filme em Hollywood. Todo catador de lixo deve fazer estágio no exterior para conhecer a riqueza do lixo deles. Todo politico deveria aprender as técnicas da politica em algum parlamento europeu.


Toda dona de casa deveria comprar sempre em um supermercado americano. toda criança só deveria consumir produtos de qualidade importados. Todo artista para ser reconhecido deveria ir trabalhar lá fora. Aqui não dá. Aqui não dá. Ninguém quer ficar. Todo mundo acha isto daqui um lixo. Sendo assim quem vai ficar?


Que voltem os "descobridores"? Os bandeirantes? 


Toda criança pobre ao nascer deveria ir para a Europa ou ao norte da América. Aqui não dá. Aqui não dá.


Assim caminhamos com nosso ideologia tupiniquim sempre pensando que o pior está para acontecer, sempre achando que além do horizonte deve existir um lugar tranquilo para viver em paz. Quem vai ficar?


Quem ficar não precisa apagar a luz: ela já está apagada.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Econotas: Consumo sustentável, eis a questão!

Econotas: Consumo sustentável, eis a questão!: O tema do impacto ambiental do consumo se tornou uma questão de política ambiental relacionada às propostas de sustentabilidade. Consumidor...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Econotas: Calçadas acessíveis e verdes

Econotas: Calçadas acessíveis e verdes: "Andar pelas calçadas da cidade é um grande desafio . A cartilha da Prefeitura de São Paulo seguindo a Lei 13.646, de 2003 diz que devemos ..."

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um ser Singular




Um ser Singular

Deixe para quem quiser ler um pouco da história de um homem simples....

http://issuu.com/gilbertodasilva/docs/sersingular?mode=a_p

domingo, 5 de junho de 2011

Oração ao São PAI-Oci

Senhor, PAI-OCI, dos miseráveis,
Elevai nossa conta bancária,
Assim como elevastes a sua!


Senhor PAI-OCI dos servidores,
ensinai como multiplicar nossos salários,
que a década encontra-se subtraída!


Senhor PAI-OCI, dái-nos sabedoria,
paciência, perseverança para alcançar o sucesso.
Ensina aos pobres pecadores a arte de ser um operador


Querer, queremos, ó PAI-OCI,
só não temos o caminho,
abra, como Abrão, os trechos encobertos,
mostra para os oprimidos, como realizar o milagre!


Ofertai as contas gordas,
afugentai as vacas magras,
traga o fermento do pão milagroso,
que virá quem sabe em conta gotas em nossos holerites.


Mas, acima de tudo, não esqueça dos desamparados,
Daqueles que acreditaram em vós,
como fonte da salvação,
como elixir dos milagres!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O Novo Código Florestal

Imaginem este novo código que foi formado na floresta encantada do planalto central. Comunistas e ruralistas juntos por um mesmo ideal. Pera ai, alguma coisa pós-muro de Berlim deve estar errado. Ou todos eles estão certos em defenderem interesses eleitorais e não da natureza?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A herança de 1968, a questão da ideologia e a permanência do pensamento utópico

O presente estudo tem como suporte as questões sobre utopia e ideologia que Fredric Jameson discute no texto A Política da Utopia.  Estabelece uma discussão a partir das convulsões políticas e culturais do maio de 1968 que teve em Guy Debord e na Internacional Situacionista seu ponto culminante. As lições evocatórias do maio de 68, momento da crítica da sociedade do espetáculo, do espetacular concentrado, do capitalismo burocrático (stalinismo) e do espetacular difuso (da abundância do capitalismo) e a sua permanência no nosso imaginário coletivo demarcaram as novas necessidades e formas de encarar e pensar a sociedade. Estas lições nos ensinaram de que é possível superar a ideologia do conformismo, o fundamentalismo do mercado e para além da sociedade do espetáculo e da ansiedade, sonhar (e lutar) por uma sociedade mais justa, menos excludente, de respeito à diferença. Podemos reinventar o social: sonhar a utopia?


Leia mais em:
http://www.partes.com.br/politica/gilbertosilva/herancade1968.asp

sábado, 26 de março de 2011

Perdas e muitos danos

A bela atriz não aguenta a dor da perda. A dor da perda é via de regra insuportável. As vezes precisamos da ajuda psiquiátrica, outras de um simples gesto de amor e amizade.. E não adianta afogar a tristeza na bebida. Há amor sem dor? Então lutemos contra o luto.
Como na lenda do Boto a alma perdida quer voltar. E ficamos, como bem diz Tom Jobim, e ficamos com vontade de ir.
Então saia que o corpo do outro não te pertence! Não basta a felicidade material, a disponibilidade do tudo mercado. Sem amor não há alma.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Nossa que violência! (02)

O Caetano viu um menino correndo. Viu a rua. Quantos jovens ainda continuam correndo e morrendo nas ruas....
Quanto insensatez!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Nossa que violência! (01)

Quando uma pessoa se irrita há a  X possibilidade de cometer ato que não satisfará todas as pessoas. Também encontrará Y de possibilidade de outras gostarem. Mas tudo isto não importará se uma pessoa irritada não ultrapassar seus limites. Ninguém merece a irritação de outrem. Afinal, vocês tem remédios para um chateado? Eu não tenho. Quem tem?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Oração pela sustentabilidade

Senhor,
Fazei de mim, não apenas um eco-chato, mas dê-me a força para fazer algo de bom para o planeta. Que o equilíbrio medeie nossas ações e nossas relações. Não me transforme num super-herói, nem num exemplo. Que eu seja apenas um entre muitos a semear a biodiversidade, a cultivar a sustentabilidade e praticar a cultura de paz.
Se o aquecimento é global, conceda-me uma planta para plantar, um jardim para cuidar, uma flor para distribuir. Enquanto há luz, forneça-me razões para economizar, brilho para inventar, saúde para criar.
Fazei-me de mim um instrumento de ação cotidiana.
Permita a todos o poder de fazer o bem. Que façamos nossas cisternas, arborizemos nossas praças e cuidemos dela. Consinta que zelemos por nossas ruas, nosso ar, nossos córregos e rios.

Senhor,
Escute nossas críticas, mas ouça nossas propostas.  
Não deixe que a ociosidade penetre em nossos corações e não nos permita ser enganados. Que meus atos sejam políticos todos os dias em prol da sustentabilidade. Que eu seja mais humano, mais generoso. Que eu possa praticar o bem sem que seja por mera obrigação.
Que eu possa ver a beleza, onde hoje só enxergo a feiúra e a devastação.

Senhor,
Não deixai que o consumismo invada meu coração. Não deixai que o lixo invada nosso universo e muito menos nossa alma.
Que eu possa salvar apenas uma espécie no planeta: dessa forma já contribuirei com a diversidade. Que eu possa não apenas falar, mas agir. Que eu possa não apenas lamentar, mas propor: assim minha parte da Agenda 21 será cumprida. Que eu possa não apenas reclamar, mas trabalhar. Que eu possa a cada dia ajudar de forma proativa no desenvolvimento sustentável.
Dê-me forças para lutar sempre. Você perdoa, a natureza não.

Gilberto da Silva
econotas@partes.com.br

terça-feira, 8 de março de 2011

Você cabe num poema?

Existem pessoas que não cabem num poema..........
 
Gilberto da Silva
 publicado em 08/03/2011

http://www.partes.com.br/poesias/gilbertosilva/cabernopeoma.asp

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O sono de Sofia

Sofia sofre. As dores nas costas aumentam a cada dia que passa. Não bastasse os pés doloridos, calejados pela jornada de anos e anos a fio amassando barro e poeira na periferia. Tempos de labuta, quando caminhava horas e horas por uma estrada quase deserta até chegar à escola, onde lecionava.
O tempo passou, as condições de vida melhoraram e Sofia, moça, bonita, e sempre dedicada ao trabalho e à familia, no vai e vem do trem, conseguiu um bem e sucedido marido. Amparada financeiramente, já que o Estado não lhe davas boas condições financeira e pedagógica, Sofia viu, na nova condição, sua qualidade de vida melhorar.


Mas Sofia ainda sofria. No frio as dores aumentavam. Não só os pés. As dores teimavam agora pelas costas. Sinais de cansaço. Seu marido, corretor de sucesso, bom amante, dedicado e supostamente fiel decidiu comprar um bom colchão para a amada. Encantou-se com a propaganda da Sertão Sonos SA. Um colchão suave, macio, lindo, próprio para as dores nas costas foi adquirido. "Para dormir nas nuvens", assim indicava a propaganda da mercadoria sertanística. Às nuvens foi Sofia ao receber o presente. E ao paraíso foi seu marido na primeira noite.


Dois meses depois iniciava o pesadelo. O colchão, como aquele de palha que o pai de Sofia usava no sítio, literalmente veio ao chão. Das nuvens ao chão!
Seu marido irritado, possesso procurou a empresa para reclamar.
- Alô, é da Sertão Sonos SA?
- Sim, em que posso estar ajudando? Gemeu uma voz do outro lado.
- Minha senhora, comprei um colchão da sua empresa e em menos de dois meses ele literalmente veio ao chão. Quebrou. Afundou.
- O senhor tem nota fiscal?
- Sim
- Vou estar verificando se a mesma encontra-se na garantia...
_ Mas a garantia dada é para três anos!!!!
- Senhor, mesmo assim tenho que estar verificando. São normas da firma. Vou estar confirmando com outro setor da empresa. Um minuto....
Três longos minutos se passaram até que a gemedeira voltou:
- Senhor, vou estar agendando um técnico para estar indo até o local.
- Hoje mesmo? Arriscou o marido desconfiado.
- Senhor, não há prazo definido para a visita. Vamos estar agendando. Outros pedidos estão na frente. Em que mais posso estar ajudando?
A paciência do marido já estava esgotando e o melhor era desligar.


Desligado. A irritação do marido de Sofia só aumentou. Dez dias passados e numa tarde chuvosa aparece na casa de Sofia, o técnico das famosas Sertão Sonos SA, sempre levando alguém para as nuvens...
- Boa tarde senhora! Qual é o problema?
- Meu colchão simplesmente desabou. Virou palha!
- Hummmmmmmm, estranho. Posso verificar?
- Claro, entre....
E lá foi o especialista em colchões para o quarto de Sofia verificar o dito cujo. Vira daqui, fuça dali, levanta acolá e nada. Olhar experiente, analítico, decreta:
- Minha senhora, não posso fazer nada. O material utilizado para compor a estrutura da mercadoria é importada, vem da nossa matriz, lá das "oropas". A senhora vai ter que pedir para a empresa trocar o colchão. Mas para isto terá que ligar novamente para a empresa para ela abrir um protocolo. E esperar.
- É possível trocar por outro? 
- Sim - disse o técnico e com certeza pensando: "é possível, mas não será fácil".


Mais dois meses e nada....


Sofia desde então tem tentado de tudo e até abriu uma comunidade numa rede de relacionamentos intitulada "Quero meu colchão e o meu sono de volta". Mas está tudo difícil. Sofia ainda sofre.
A Sertão Sonos agradece...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Preciso de modernidade musical?

Tem momentos que o melhor a fazer é voltar-se para si. Pensar, refletir, até dormir um pouco mais. Assim nosso aprendizado melhora. Tenho ouvido muita musica das décadas de 1970, 1980 e 1990. Muita coisa boa, que o tempo ainda não destruiu. Que maravilha! Sambas, MPBs (ainda existe essa coisa?). Algumas pérolas são encontradas, outras nem tantas... Nem sei o que tem de novidade no cenário musical. E vou levando na cabeça rotações musicais de Chico, Paulinho da Viola, a mineirada toda (Milton, Guedes, Horta e cia.), os cearenses Ednardo, Amelinha, Belchior e Fagner. Os sambas de Monarco, Beth Carvalho, Alfaiate, Originais do Samba, Wilson Simonal, Agepe. No meio desse todo: Flora Purim, Baden Powell (que redescoberta Fenomenal!), Caetano - o sempre bom e polêmico com sua baianidade internacional. Egberto Gismonti entra com seus sons geniais. Edu Lobo, Diana Pequeno, Ruy Mauriti, Ivan Lins, Elis, Gal e Maria Bethania. Nara Leão (que suavidade nos meus ouvidos!), Jorge Ben e seu balanço insubstituível. E eu preciso de modernidade??????

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Náuseas euclidianas

"É difícil imaginar que os indivíduos e as sociedades que se regem pela busca do prazer, tanto ou ainda mais do que pela fuga à dor, consigam sobreviver"

Antônio R. Damásio in O Erro de Descartes.





As vezes sinto uma vontade enorme de vomitar. De espalhar por toda o ambiente aquela gosma tratada pelo digestivo. Algumas - as vezes muitas - coisas me aborrecem. Uma que me deixa doido é falta de ética, de pessoas que mandam textos para serem publicados no meu site descaradamente copiados de outros. Sinto náusea. Sinto uma dor enorme para estes espíritos vivaldinos, safadinhos e imorais. Não que eu deteste imoralidades. Mas as que engordam, eu vomito. Para estes peço aos espíritas que orem por suas almas e peço aos radicais que os levem ao "paredón"! Com meu comportamento humano, sempre preocupado em oferecer o melhor entrego a alma do infeliz para Emannuel e o corpo para Fidel.


Outra coisa que torra meu baixo ventre é a "Sindrome do Eterno Retorno ao Poder". Sensação de asco que senti ao ver aquele professor que outrora tomava as tribunas da associação paulista dos professores e vociferava seu marxismo estalinista, receber de bom tom e com toda felicidade o atual alcaide paulistano numa rua da cidade. Como as coisas mudam, não é Euclides? Sintomas da democracia...


Ainda regurgitando lembro de lambe botas de todas as estirpes. Como é bom o tempo passar. É por isso que desejo morrer o mais tarde possível! Assim tenho história para contar aos meus netos. Pode demorar, mas aos poucos eles vão conhecendo seus algozes...


Euclides, toma jeito! Você vai ficar falado, vai desfilar com gente nova, vai ganhar dinheiro... vai valer a pena? Euclides tú vai vender a alma, a mulher, a amante, os filhos tudo em nome de uma lealdade estranha. Euclides, vou ler uma oráculo do Baltazar Grácian para você:
"A consaguinidade não basta, nem a amizade, nem mesmo o mais forte senso de obrigação, pois dar a alguém o coração é muito diferente de dar-lhe a vontade. A união mais íntima admite excessão; nem por isso se ofendem as leis da cortesia. Não contamos todos os segredos a um amigo, e nem um filho revela tudo ao pai. De algumas coisas calamos com uns e falamos a outros e vice-versa, de modo que confessamos tudo e retemos tudo, dependendo do confidente."

Como viu, Euclides, apesar das náuseas deu tempo de ir buscar um filósofo cristão na prateleira. Outra coisa que detesto e vomito ao receber são piadinhas ridículas sobre o Lula, sobre o Serra, sobre o Kassab e sobre o Ronaldo Fenômeno e sobre a mulher do outro. o Outro é sempre o Outro depende do lado que você está. Portanto, a mulher de lá pode ser a mulher de cá. Sempre ali está presente um pouco de ressentimento, de ódio, de racismo, de preconceito.


Bem Euclides, seu xará já dizia que dados dois pontos, há um segmento de reta que os une; que um segmento de reta pode ser prolongado indefinidamente para construir uma reta; que dado um ponto qualquer e uma distância qualquer pode-se construir um círculo de centro naquele ponto e com raio igual à distância dada, mas na Política nem todos os ângulos retos são iguais. Há sempre uma curva no meio do caminho. Há sempre um ponto além de outro ponto e há sempre um círculo fora do raio.


Agora, que dei uma pausa no texto e tomei um "TUMS", rico em cálcio, posso respirar mais aliviado. Creio que sou ainda uma besta que vê tudo e ainda acredita nas pessoas. Não, preciso vomitar novamente e minha garganta nunca sara.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cades Ipiranga

O Conselho de Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e Cultura de Paz (CADES) da região do Ipiranga está com novos membros da sociedade civil. Os eleitos vão trabalhar com propostas para defesa do Meio Ambiente.  Além do Denival, temos os seguintes conselheiros civis: o sempre atuante Celso Henriques de Paula; a jovem ambientalista Rita Juliana de Oliveira; o comerciário Paulo Evaristo dos Santos Geraldo; a jornalista Maria Fátima Chueco Bonvino; o ex-supervisor de esportes Fernando de Jesus Ribeiro; a funcionária pública Marina de Paula Marcon Guidoni e o advogado Nelson da Silva Junior.

Asubprefeita Vitória Brasília de Souza Lima entregou em dezembro pessoalmente o diploma de posse e parabenizou a todos pelo desempenho eleitoral

Juntos com representantes de diversas secretarias municipais, os conselheiros civis compõe um fórum cujo objetivo é executar ações que contribuam para a melhoria da qualidade socioambiental da região e colaboram na formulação de políticas públicas para a proteção ambiental e na implantação de programas que fomentem a cultura de paz e a implementação da Agenda 21 Local.

Aprimeira reunião foi realizada no dia 26 de janeiro de 2011, e a segunda no dia 02 de fevereiro. As reuniões são mensais e aberta para toda a participação da população.

O Cades é um órgão consultivo e deliberativo, que integra sociedade civil e poder público, na busca de ações e atividades visando, entre outras atribuições, receber propostas e denúncias a serem encaminhadas dentro de questões relacionadas à preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meioambiente.

As próximas reuniões serão realizadas em março, dia 02; abril, 06; maio, 04; junho  01; julho,  06; agosto, 03; setembro,14; outubro, 05; novembro,09 e dezembro, 07. Sempre às quartas-feiras, das 19h00 as 21h00 na subprefeitura Ipiranga, Rua Lino Coutinho,444

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Enchentes e pequenas ações


Reciclagem
Existe uma estreita relação entre pobreza e degradação ambiental, e a sociedade precisa desenvolver estratégias e programas que auxiliem na erradicação e mitigação da pobreza.  Com a maximização da reciclagem de material usado estaremos contribuindo para a redução indiscriminada da extração de matéria prima e diminuindo a devastação e degradação do ambiente. Assim como num processo educacional e pedagógico, devemos trabalhar para reduzir o volume de lixo produzido numa sociedade marcada pelo desperdício no dia a dia.

Enchentes
No processo de ocupação do solo urbano os interesses particulares sempre prevaleceram sobre os interesses públicos, com isto, ganhou a especulação e perdeu a população. À procura de lotes mais baratos os menos favorecidos ocuparam as margens dos córregos. As águas dos rios foram determinadas pala natureza e não pelas ações humanas, portanto cheia ou enchente é um fenômeno natural. Córrego não é o depositário final de entulhos!

Boas ações
Precisamos de mão na massa e boas ações. As escolas devem estar empenhadas na luta pela conservação e educação ambiental. Na busca da perfeita dimensão proporcionada pelas belas ações de conscientização de seus alunos e familiares sobre o Meio Ambiente. Preparar as futuras gerações para enfrentar o desafio ambiental é questão prioritária. Precisamos da esperança de um futuro melhor estampada nas novas gerações.

Piscinões
A ideia, que não é nova, existe desde a década de 20, quando o engenheiro Saturnino de Brito ao ter a compreensão da necessidade das bacias de contenção, chegou a propor dois grandes reservatórios no rio Tietê.

Autorresponsabilidade

O melhor caminho para minimizar o problema do lixo no futuro é promover a autorresponsabilidade. O conceito é tão coerente que parece absurdo não ser estabelecido como regra absoluta.
Por essa ideia, todas as empresas são obrigadas a assumir seus produtos até o final da existência dos mesmos.

Gilberto da Silva
econotas@partes.com

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os tipos revolucionários


”O oprimido é condenado à resistir sob pena de ser pura e simplesmente esmagado”. Daniel Bensaid- Atualidade do Manifesto Comunista. Texto apresentado no Congresso Internacional dos 150 do Manifesto Comunista em Paris, 1998. tradução de João Machado Borges Neto. Cadernos Em Tempo, 310. outubro de 1999. São Paulo. Edições EmTempo.



Os tipos revolucionários
O Revolucionário Permanente. Ele nunca está contente. Sempre há uma revolução para fazer, para ser completada. Aqueles que impede estas ações revolucionárias são sempre denominados de reacionários, ou contras. Eles cantam o amanhã, mesmo após acordar com um sério desencanto. Não é preciso apenas mudar o mundo, é preciso mudar o Universo. É preciso muito e sempre e mais. É preciso interpretá-lo, reinventá-lo. Este tipo de revolucionário sempre denomina-se um emancipador nato. Para estes a revolução é sempre um processo de mudanças profundas, necessárias e absolutamente importantes.
O consenso só é possível se seus pontos de vistas forem absolutamente aceitos. O futuro para estes sempre será melhor, mais acolhedor, mais humano. É sempre preciso explorar novos caminhos (entendendo como novo, o velho conceito que provavelmente ele carrega). Mudança sempre!


A repressão e suas características
Dentro do contexto de uma revolução um componente que requer um estudo mais apurado é a utilização da repressão. A repressão tem vários sentidos e pode ser analisado sob diversos pontos de vistas. Não existe apenas a repressão física, mas também a psicológica e a ideológica. Os movimentos repressivos são dirigidos por duas maneiras: a reação e a progressão. Esses dois mecanismos lembram muito o famoso Sistoles e Diástoles do general Golbery, teórico geopolítico do Governo Militar.

Uma reação pode ser repressiva se servir de antídoto radical aos processos evolutivos da função social; ela pode ser exercida para reagir às tendências humanas de tentar o REAL  (entendido aqui como o IDEAL para o Outro). A repressão exercida pela reação é uma defesa dos valores morais, sociais ou culturais. È a preservação do EU, um movimento de conservação e defesa precedida de um ataque.

Já movimento de progressão é a repressão aos valores arcaicos, ao modelo antigo, às velhas ordens emanadas por um poder que teoricamente está em ruínas, ou em processo de deterioração. Progressivo é, para quem o exerce, a reestruturação na procura de uma ordem moderna, evolutiva. Neste caso, a repressão possui um claro sentido aniquilador do retorno de uma antiga ordem.

A repressão possui quatro tipos de “caráter”: o revolucionário, o progressivo, o conservador e o reacionário.

O Revolucionário é para quem o exerce, a quebra de velhas ordens num determinado momento social: o da revolução. Sua função é a de reprimir os ataques contra-revolucionários. Não devemos esquecer que todo caráter repressivo pode ser em nível de poder estatal ou poder individual, nas relações homem-mulher; pai-filho-mundo; religião-homem-mundo.
O caráter revolucionário da repressão é, para quem o exerce, o processo de mudança de uma estrutura, a virada de uma pirâmide, por isso, seja necessário reprimir os que ainda tentam subverter a nova ordem. A repressão é, nesse sentido, vista pelos revolucionários como uma necessidade, um mal que vem para o bem, uma medida certa para a total implantação dos seus novos valores.
Para os revolucionários é aniquilando os velhos valores que se pode tornar-se seguro da situação, “... pois esta tem sempre, como divisa de rebelião, a liberdade e os seus antigos costumes, os quais nem o transcurso do tempo nem os benefícios recebidos farão esquecer.” [i]
Os sandinistas utilizaram-se deste expediente de aumento de repressão na tentativa de aniquilar as forças contra-revolucionárias somozistas e dos índios miskitos.
Sob o ângulo da repressão homem-mundo, essa repressão revolucionária teria sentido se, por exemplo, as mulheres abolissem as velhas ordens morais aderindo à uma ordem, a uma nova ordem moral, sexual e rechaçar todos os velhos conceitos da tradição familiar submissa, do patriarcado.
A repressão revolucionária dá-se num determinado momento histórico, num período ainda desestabilizado onde novas ordens ainda não foram aceitas, acomodadas, onde ainda o perigo da iminente reação sobrevoa.

O Progressivo se dá no período em que há uma norma, uma ordem, em franco desenvolvimento, num momento em que ainda é preciso modernizar-se, progredir, ir à procura de uma nova situação. O caráter progressivo da repressão é baseado na persuasão e na aniquilação, sendo que na persuasão há a clara intenção da ideologia modernizadora, onde ela é exercida com o sentido de aniquilar as velhas hierarquias, os velhos sistemas e aperfeiçoar novas formas de manutenção da estrutura.
O caráter progressivo da repressão geralmente se dá num período pós-revolucionário onde é necessário aperfeiçoar novas formas de dominação, criar métodos mais eficazes de controle nesse sentido toda “reação” em contrário é anti-revolucionário, conservador ou reacionário.
Ao contrário do caráter revolucionário que ainda é portador de um conteúdo utópico, o progressista já atingiu “para si” a realidade: ele apenas realiza seu projeto. O repressor progressista ainda não chegou à “plenitude”, ainda busca a totalidade da sua eficácia e espera atingir a sua “finitude” (que pode ser inatingível). É o caso do jovem saindo de uma fase de contestação para outra de ações conscientizadoras. Um jovem partindo da simples agitação para a transformação progressiva da sua personalidade, não aceitando nem a revolução total de seus conceitos  como a volta aos padrões que a família lhe engendrou.
A atitude repressiva é, nesse caso, sempre aplicada no sentido de favorecer o andamento de uma prova nova ordem criada. É exercida como atitude “construtura”.

O caráter Conservador utiliza a repressão como manutenção da situação vigente, reprimindo toda manifestação ao contrário e toda tentativa de mudança. Usa os instrumentos repressivos como arma de defesa dos valores por eles implantados. Utilizado-a como um bem para si e para os que seguem os mesmos valores.
O conservador sente-se sempre um íntegro, tradicionalista., moralista e evita  de forma total qualquer tentativa de mudança. Partem de um pressuposto que vivendo numa estabilidade (a sociedade ou a sua individualidade) os que são estáveis (ou) os dominados a aceitar geralmente legítimo domínio vigente.
A relação pais-filhos é sempre visto sob o ponto de vista conservador. O patriarcado age de acordo com os princípios da repressão conservadora na manutenção da ordem familiar. A igreja tradicional e ortodoxa agiu muitas vezes de acordo com os princípios do caráter repressivo conservador

O caráter reacionário é o que utiliza da repressão através de uma resposta a uma ação qualquer que tem interesse em provocar a ameaça a sua ordem. É tido como opositor a qualquer inovação nos valores. È tido como contrário a liberdade e age de acordo com os princípios arcaicos e ultrapassados. No seu modo de ver é preciso agir sempre contra qualquer ação evolutiva, revolucionária e ou modernizadora.
O reacionário não é um conservador, o caráter repressivo dessa maneira é dado em qualquer situação.


[i] O Principe. Maquiavel. São Paulo: Circulo do Livro. s/d. página 56.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Estou Proibido

Hoje acordei proibido de sonhar qualquer tipo de proibição. Acordei proibido. Sonhei um sonho proibido, deste malandramente vedado.
Não posso mais falar o que penso e se penso sou interditado. Não sou branco, não sou negro, não sou pardo, não sou amarelo e tudo sou. Nem vou chamar meu velho pai de negão e nem meu irmão branco de brancão. Não vou nos melhores momentos chamar minha amada de qualquer tipo de animal que não seja a fêmea, mulher e amante.  Estou vetado. Vetado para práticas ilícitas e para confusões.

Acordei proibido de pensar que posso ser diferente e ausente de tudo. Proibido de concordar com meus semelhantes e, sem dúvida, censurado para a realização de práticas discursivas com meus não-semelhantes.
Acordei vetado do ato de discordar.

Já não posso mais fumar minhas cigarrilhas cubanas e nem beber minha cachaça mineira. Não posso mais nem querer o lícito. Para aqueles livros proibidos outros censurados pela Justiça são juntados. Os bombeiros do Fahrenheit 451 vieram queimar todo tipo de material impresso e lá se foram meus livros, meus jornais velhos, meus papéis sujos, meus poemas riscados, meus sonhos safados. Nada de fogueiras das vaidades, nada de queima de liquidação, nada de leitura insurgente, de poemas sujos ou histórias de fracos, oprimidos e vencidos. Nada de datas comemorativas ilusórias de versos anárquicos ou malvados.
Na luta pelo direito de meus livros eu não poderia ser uma Joana D’Arc moderna e por outro lado pensei que os livros já não são mais necessário, basta a internet pensei...
Ao ligar meu computador de cara fui avisado que meus twitter tinham sido apagados, minhas redes sociais canceladas e todo comentário deletado. Tentei ler um e-book e para minha já não mais surpresa só livros que não me interessavam repousavam pelas prateleiras virtuais. Os livros que ontem eu deveria ler já estavam fora da rede.

Programa de televisão já não assisto, então que fazer? Minha rede moderna de relações desmanchou no ar... Tudo que é sólido – não é Carlos Marques??
No fundo do baú achei uma raridade: um livro de memórias. Exclamei: estou salvo, livre! Ao manuseá-lo a decepção: páginas extraídas, desaparecidas como lapsos de memória.
Pensei em chorar minhas lágrimas secas e poluídas mas pedras ficaram.


Tentei lutar quixotescamente.(Feliz idade e feliz século aquele onde sairão à luz as minhas famosas façanhas, dignas de entalhar-se em bronzes, esculpidas em mármores e pintadas em telas para a memória do futuro - D.Quixote: II Capítulo).

Nada me resta a não ser dormir novamente e quem sabe cabraliamente teceremos manhãs?

“Tecendo a Manhã    
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.  

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,  

para que a manhã, desde uma teia tênue,  
se vá tecendo, entre todos os galos...
João Cabral de Melo Neto”



cena de Fahrenheit 451

Talentos verdes e inovações tecnológicas


Talentos verdes
A Ministra Federal Alemã de Educação e Pesquisa, Professora Annette Schavan, premiou no dia 2 de novembro, dois jovens pesquisadores brasileiros pelo seu trabalho com o prêmio internacional de sustentabilidade “Green Talents - Fórum Internacional para Alunos de Grande Potencial no Desenvolvimento da Sustentabilidade 2010”.  Segundo a ministra “o objetivo do concurso é desenvolver a cooperação internacional para que possamos em conjunto contribuir para soluções sustentáveis que combatam as alterações climáticas e protejam o meio-ambiente”.

De um total de 234 jovens cientistas de 57 países dois brasileiros se destacaram. Janaína Accordi Junkes está atualmente fazendo o seu doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina em Florianópolis e impressionou o júri com a sua pesquisa na utilização de resíduos industriais, como o lodo de estações de tratamento de água potável na fabricação de revestimentos cerâmicos. Daniela Morais Leme, estudante da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro, foi premiada pela sua pesquisa na área de poluição ambiental, por avaliação de águas de solos contaminados com biodiesel e suas misturas ao óleo diesel.

Inovações tecnológicas
Segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho a necessidade das inovações tecnológicas promovidas pela indústria brasileira devem valorizar a sustentabilidade ambiental e esta “inovação deveria ter um viés pró-exportação e valorizar um ingrediente brasileiro diferenciado, que é a sustentabilidade. O Brasil tem matriz energética limpa, novas formas de energia e capacidade de desenvolver produtos com certificação verde, ambiental. Precisamos tirar proveito também de inovação com sustentabilidade ambiental e ter competência em comunicar isso para o mundo”, afirmou.
Para o presidente do BNDES “a inovação é necessária para a competitividade e aumento da presença do Brasil nos mercados globais em que temos vantagens”.

O líquido precioso
O Brasil detém 12% do total da água doce do planeta. É a maior reserva mundial.
O índice de perda total de água tratada e injetada nas redes de distribuição varia de 40% a 60% no Brasil. O motivo: tubulações antigas, os "gatos" (ligações clandestinas), vazamentos e desperdícios como o velho hábito de lavar carros e calçadas, banhos prolongados de chuveiros e descargas sanitárias antigas (liberam de 18 a 20 litros de água, enquanto que as modernas liberam 6 litros).
Há também o desperdício na agricultura (nos processos de irrigação) e nos centros urbanos o descaso com a poluição provocada por lixões, esgoto urbano etc.

Gestando consumidores conscientes
Desde que nascemos somos encarados como consumidores. Minto, desde que somos gerados. Somos ao longo da nossa jornada criados para consumir. A cidadania deve ser gerada com consciência.

Salvação
Salvar o planeta e a humanidade. Devemos juntar as respostas para necessidades sociais e aos danos ecológicos e transformá-las em políticas públicas. A combinação destas duas vertentes servirá para transformar a sociedade contemporânea. Reformas devem ser prioritariamente e simultaneamente sociais e ecológicas. Esta tarefa, porém, parece ser muito complexa nos círculos políticos e industriais. Mas há salvação.

Gilberto da Silva
econotas@partes.com.br

sábado, 30 de outubro de 2010

Drummond, 108.

Amanhã, quando os brasileiros irão às urnas, você, mineirinho, completará 108 anos, justo tú que quando nasceu "um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida." Você, poeta, não está mais aqui para ver o bonde passar "cheio de pernas brancas pretas amarelas". 
Dia 31 de outubro e a "roda do povo despetala-se" e você que achou ser chato ser moderno "Agora é eterno." 


Quem sabe alguns preparem uma canção amiga para embalar nossos sonhos ou desbaratem uma quadrilha em homengem ao José, a todos Josés desse País de luis, inácios, silvas e andrades.


Na mesa beberemos, urubus olharão. E vamos seguindo na calmaria burocrática de nossos dias, amando, tecendo nosso amor:


"O meu amor é tudo
que morrendo, não
morre tudo e fica
no ar parado."
Carlos Drummond de Andrade


proveitem e visitem o site do Carlos:

http://carlosdrummonddeandrade.com.br/

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A visita do ET

Se um  E.T. aportar no Brasil neste momento ficará impressionado com o nível da política brasileira. As questões morais retrógradas baseadas na marginalidade social, no preconceito e discriminação étnica, na exclusão dos desiguais e na perversão moral dominam nossos espaços de um ante exemplo de democracia. A quem interessa este tipo de caminha? Afinal, que deseja o caos? Deve haver escondido em algum plano secreto o motivo de tanta ignorância....

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Vitrine do Giba: O Bom das eleições

Vitrine do Giba: O Bom das eleições: "O bom da eleição é que nossas máscaras caem, nossas idiosincrasias ficam mais evidentes e nela nos revelamos. Em alguns o autoritarismo..."

O Bom das eleições



O bom da eleição é que nossas máscaras caem, nossas idiosincrasias ficam mais evidentes e nela nos revelamos. Em alguns o autoritarismo aflora, em outros a subserviência voluntária ou não se evidencia. Nós nos revelamos mais machistas, racista, intolerante, mais preconceituosos, às vezes até mais obtusos e superiores! Desqualificamos o adversário, marginalizamos o outro e desprezamos a ética. Mas existe caso – poucos – que nasce o amor, onde havia ódio, prazer – onde havia desprazer e assim “são franciscanamente” atingimos o centro da felicidade.

O bom das eleições é essa diversidade de opiniões- e ainda bem que temos eleições, não é? O bom das eleições é que alguns são capazes de discernir no embate político o caráter de seus atores: guerrilheiros, pistoleiros, sanguessugas, revolucionários, conservadores, reacionários, enganadores, ambientalistas, desmatadores, matadores, palhaços, idiotas, socialistas, capitalistas e por ai afora....

Como é bom ter eleições! Assim, despertamos nosso lado sadio postando na internet videozinhos chulos, preconceituosos, difamadores e mentirosos. E pior, rimos disso tudo! O famoso assessor de Hitler (seria o marqueteiro de hoje) Joseph Goebbels já dizia “uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”.
O bom das eleições é que seres estudados, diplomados, que em certos momentos se consideram elites da inteligência, falam suas asneiras, cometem seus pecados (mas quem não comete?).

O bom das eleições é que jornalistas tomam partido; veículos escolhem seus candidatos; cabos eleitorais defendem seus pares e – aqui no Brasil ainda – no dia seguinte à eleição estão todos juntos falando do próximo jogo de futebol, da mulher alheia, do homem bonitão, do sapatinho novo ou da nova marca de carro (espera-se pelo menos que seja sustentável) e alguns já pensando no BBB.

O bom das eleições é que nossos nervos ficam à flor da pele e assim ajudamos nossos cardiologistas....

O bom de todo processo eleitoral é que nossa postura moral é posta a prática. Alguns transgridem, outros agridem. Vamos sempre no link da detonação e do escárnio e de “mala” em “mala” de “post” em “post” mudando nossas opiniões conforme a divulgação das pesquisas eleitorais.

O bom senso e a prudência perdem o sentido num debate acalorado. Numa “tuitada” e em 140 caracteres lá se foi o discernimento... E assim acabamos por nos envolver em pequenas complicações.

O bom das eleições num espaço democrático é que alguns continuam retos em seus propósitos políticos e outros mudam conforme o andar da carruagem ou dos cargos que lhe são oferecidos.

O bom das eleições é que muitas pessoas perdem a oportunidade de ficar quieto, assim como eu.

Gilberto da Silva

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Caótica Parafernália

Há muito tempo eu venho escrevendo sob tensão, raiva e medo. Tensão, raiva e medo. As vezes só com tensão (outras só com tesão), ou com raiva ou com medo. Há muito tempo escrevo com ódio e mais nada, nada. Nada como o vazio do próprio ser.
O que me faz a raiva? O que me traz o medo? Por que a tensão? (Cadê o tesão?). Tensão e raiva e medo.
Ódio? Que ódio, que medo? Nervos, raiva e ódio...

Viver morrendo, morrer vivendo: simples trocas...

Cheguei ao caos – caótico -, anti, ANTI: o animal radical, radical? (e se for sufixo?)
Antifilosofia, ou antesfilosofia? Antiherói (o que morreu morreu ficou prá trás), anticristo, antidiabo, antisatanás, antianimal. Antigamente.... tudo era tão diferente???

Há muito tempo escrevo sob tensão, raiva e medo. Raiva, medo e ódio.
LACÔNICO – não de lacunas, mas breve, curto, conciso. Duro, animal emergido do nada.
Duro como pedra, como aço – metal, metálico. Vi mundo caírem aos meus pés, ao meu redor. Psicodélico vi objetos voadores não identificados, ufos, UFA!, antidroga, anti-humano, antílope (veloz, carrega a dor da passagem)

“Da vida ao meio da jornada, tendo perdido o caminho verdadeiro, achei-me embrenhado em selva escura” (A Divina Comédia, Dante Alighieri)

Antitudo, antinada, antitodos. Escrevo sobre o nada com raiva, medo e ódio. Caído dos céus, dos céus das vagas estrelas dos homens. Sem nada para o fim, o infinito fim? Perdido.

Existem três alternativas: 1) Viver 2) Morrer 3) Estar perdido para sempre.
Não existe mais saídas no mundo do caos, Laos, paus, sao, maos, Que alternativas existirão?  Nada mais será asneira e sim tudo besteira.
Antiladrão, antipatrão, antiilusão no mundo do medo, cedo, azedo e sofrido, mas com pinta de alegre, democrático (de que riem os democratas?) asiático, asmático, enfático, panfleteador, funcionário público. Sem mais nada.
Antiparadisíaco (Paraíso?) O de Eva? Ou lá pelas bandas da Vergueiro? Antilúcido, anti anti o onteontem.

“Pepe satan, Pepe satan, aleppe” A Divina Comédia – Dante Alighieri

Há certas ocasiões que escrevo com sonho, com sonho de sonhar o impossível. Ocasiões em que penso não mais pensar o impensável.
Muitas vezes nada escrevo pelo medo de ser censurado, cortado, malhado (sob a desculpa de ser melhorado). Sem nada de informações, escrevo malhado e molhado com raiva. E com medo daquele mundo caótico, católico, apostólico e bibliânico.

Abismo: lugar muito profundo na terra.   Será que nos enfiaremos? Sairemos?


Acordo: Deus fez com o povo de Israel; os empresários fizeram com os metalúrgicos e não cumpriram; Sadat com Israel, do Diabo com o Satanás, do carro com o novo preço da gasolina e coma poluição do ambiente. Acordos que são feitos sobre pressão, prisão, depressão e depressinha.
“Esta é a mensagem daquele que é o Primeiro e o Último (Alfa e Omega) que tornou a viver” (Bíblia). Será o Diabo o Meio?

“Os que conseguirem a vitória não sofrerão a segunda morte” (Bíblia) os que forem derrotados PACIÊNCIA!

sábado, 9 de outubro de 2010

O ambientalismo tardio

Minha dissertação de mestrado:
O ambientalismo tardio: a Amazônia como temática ambiental no jornalismo impresso paulista
está disponível em vários links entre eles:



http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=125347


http://www.facasper.com.br/pesquisas/pesquisa/index.php/o-ambientalismo-tardio-a-amazonia-como-tematica-ambiental-no-jornalismo-impresso-paulista,39.html


http://www.ufmt.br/gpea/pub/gilberto_da_silva_o_ambientalismo_tardio.pdf




resumo:
Este trabalho analisa a temática ambiental Amazônia no jornalismo impresso paulista a partir da metodologia de análise de conteúdo dos textos publicados nos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Compreendemos a natureza contemporânea da região amazônica como resultado expressivo de transformações ocorridas na sociedade determinadas pelo paradigma do desenvolvimento predatório. O objetivo é contribuir para a análise do problema amazônico e sua interface com a mídia e constatar os principais interesses; polêmicas e conceitos divulgados pela mídia; e identificar como a Amazônia é retratada nos dois maiores veículos de comunicação de São Paulo. O trabalho tem sua base teórica fundamentada na comunicação de massa e na análise do processo de construção da notícia ancorada na tematização e em textos que abordam as relações do capitalismo e do mercado; assim como a crítica ao pós-modernismo e ao crescente processo de mercantilização da natureza. Reflete também sobre o conceito de desenvolvimento sustentável; o desmatamento; as certificações; questão da internacionalização e soberania do território. O trabalho detecta que estamos vivendo um período que caracterizamos como ambientalismo tardio em que os meios de comunicação de massa passam a incorporar em sua agenda a questão ambiental.




http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=125347